sexta-feira, 29 de junho de 2012


Secretaria de Segurança: Bope fará operações em comunidades com UPP

Da casa onde morava um traficante, o PM do Bope observa a Vila Cruzeiro
Da casa onde morava um traficante, o PM do Bope observa a Vila Cruzeiro Foto: Rafael Moraes / O Globo
Extra e Globo
 
A Secretaria de Segurança Pública informou, nesta quinta-feira, que homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar realizarão ações em favelas e morros patrulhados por policiais de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs). De acordo com a Secretaria, as incursões ocorrerão "sempre que houver necessidade de preservar o processo de pacificação".
A afirmação foi feita ao EXTRA, por meio de nota, após questionamento sobre a ação do Bope no Morro do Fogueteiro, onde existe uma UPP, e que resultou na morte de um adolescente de 15 anos, na noite da última segunda-feira. Outro jovem foi baleado. Segundo a nota, o processo de pacificação nos morros do Fallet, Fogueteiro e Coroa não sofrerá interrupções: "O Bope poderá ser acionado para resolver conflitos pontuais, onde seja necessária sua especialização de combates a crimes urbanos, inclusive em áreas de UPPs, de modo a preservar o processo de pacificação".
Se no Fallet o Bope precisou atirar, na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, a tropa de elite da PM não precisou disparar um só tiro, nesta quinta, na ação para substituir militares das Forças Armadas por homens da UPP. Os caveiras entraram no local às 5h. Por volta das 3h, equipes do Exército cercaram as favelas para começar o processo de substituição. Ao todo, 500 PMs participaram da operação - o Bope teve o apoio dos batalhões de Choque e de Ações com Cães, e do Grupamento Aeromarítimo.
Eles ocuparam a favela em busca de armas e drogas. Durante a operação - deflagrada também para cumprir 15 mandados de prisão de traficantes - pelo menos um homem foi detido. Também foram apreendidas duas espingardas, três quilos de maconha e carregadores de fuzil.
Os policiais substituíram 900 militares que ainda estavam no Complexo da Penha. A UPP da Vila Cruzeiro funcionará com um efetivo de 320 policiais. Outra unidade será instalada no Parque Proletário, também na Penha, com 220 homens.
Paralelamente à ocupação da Vila Cruzeiro, a PM fez operações em outras favelas controladas pela mesma facção criminosa que dominava antes a comunidade. O objetivo foi prender bandidos que tenham fugido da Penha.
Para especialistas, ação no Fogueteiro foi correta
As ações do Bope em favelas que já contam com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) — como no caso do Morro do Fogueteiro — estão previstas no processo de pacificação desenvolvido. É o que afirma Jaqueline Muniz, professora da Universidade Cândido Mendes.
— A implantação da UPP nas comunidades não significa o fim da atuação do Bope. Está previsto que a tropa de elite entre quando for necessário, e isso não significa que para isso seja uma comunidade problemática — opina Jaqueline, acrescentando que há diversos motivos para que o Bope seja solicitado.
O sociólogo e especialista em violência Gláucio Soares diz que a função do Bope é ir onde for necessário, mesmo que que seja uma comunidade pacificada. E ressalta que o fato de a operação de segunda-feira ter prendido apenas dois vapores do tráfico não significa que a ação não seja importante.
— De repente, a polícia esperava encontrar no local algo maior, por isso acionou a tropa de elite. O Bope existe para ir onde é chamado — afirma Gláucio.

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